5 de setembro de 2012

Edição Especial: Como escrever, publicar e divulgar um livro

Autor do livro Como Escrever, Publicar e Divulgar um Livro, Valdeck Almeida de Jesus foi desafiado por Leandro de Assis, idealizador do Fala Escritor, a sintetizar suas ideias e realizar uma palestra com o tema. O autor palestrou na primeira edição do Fala Escritor, em 2009, sobre publicação de livros e, dessa vez, com o lançamento de livro sobre o tema, que aconteceu na Bienal Internacional do Livro de São Paulo, Valdeck trará novidades sobre publicações e ainda falará sobre o processo de escrita e divulgação.

“Todo mundo quer ser escritor. Publicar um livro, porém, envolve custos e habilidades específicas que poucas pessoas conhecem. O que vale, mesmo, é acreditar no seu potencial e começar a escrever. Muitos grandes profissionais, de várias áreas do conhecimento tiveram suas obras recusadas por editoras e depois se tornaram artistas renomados por não desistirem. Mas a publicação, em si, já não é mais mistério. Há várias formas de colocar no papel aquele romance, conto, poema ou pensamento”. (Valdeck Almeida) 

Valdeck além de escritor é jornalista e editor. Foi Verbete do “Dicionário de Escritores Baianos”, Secretaria de Cultura e Turismo, Salvador, 2006; É membro da Federação Canadense de Poetas desde 2004; Membro da Confraria de Artistas e Poetas pela Paz – CAPPAZ; Membro da Associação Artes e Letras (França) desde 2005; Membro da União Brasileira de Escritores – UBE, desde março de 2006;  Membro da Câmara Bahiana do Livro – CBaL, desde março de 2005 e membro imortal da Academia de Letras do Brasil - Seccional Suiça, além da fazer parte da Academia de Letras de Teófilo Otoni e da Academia de Letras de Jequié. Valdeck integra, ainda, a equipe do Fala Escritor como um dos coordenadores.

Outras atrações:

Apresentação Musical com a bela Iara Castro


Recital Poético 
A principal finalidade do Projeto Fala Escritor é conceder espaço para escritores e poetas mostrarem  seus trabalhos, falarem um pouco das suas concepções literárias, neste encontro não fugiremos à regra. O microfone mais uma vez estará aberto a todos  os poetas e poetisas que desejarem declamar, recitar ou ainda ler seus textos para uma plateia ávida por conhecer e reconhecer a escrita contemporânea.


Apresentação: Leandro de Assis e Renata Rimet



Serviço:

O que: Fala Escritor Especial: Como escrever, publicar e divulgar um livro
Onde: Mega Store Saraiva Iguatemi (Espaço Glauber Rocha).
Quando: Dia 29 de setembro (sábado), a partir das 18h.
Entrada: Gratuita
Informações: (71) 9345-5255 / 8122-7231


4 de setembro de 2012

Leandro de Assis é entrevistado por Elenilson Nascimento


EM BRASÍLIA COM ELISA LUCINDA

"Escritor baiano Leandro Malungu participa de oficina com a deslumbrante atriz e poetisa."
Por Elenilson Nascimento
Imagino que o leitor mais atento deste blog (http://literaturaclandestina.blogspot.com.br/) espere de mim uma crítica feroz ao mundo deslumbrado e vaidoso da Literatura, além de uma defesa do papel do escritor nesse mundo contemporâneo. O que eu sei é que vivo decepcionando alguns parcialmente. Ou talvez não. Mas quando alguns dos meus amigos inteligentes se destacam com as suas artes nesse País que, cada vez mais ignora os seus talentos, corro feito um desesperado para divulgá-los. E esse foi o caso recente do escritor baiano Leandro de Assis Malungu que foi convidado para participar da oficina, em Brasília, sob coordenação da competente e maravilhosa poetisa e atriz Elisa Lucinda“Foram três dias de muito aprendizado. E, além da ótima equipe selecionada na Bahia, havia representantes de Minas Gerais e do Espírito Santo. Todos afinadíssimos e preocupados com a Segurança Pública e determinados na prevenção da violência e no fortalecimento da cidadania. Não foi uma simples oficina de poesia, mas sim uma oficina com homens e mulheres capazes e interessados em usar a força da Palavra para transformar a própria realidade, a outras pessoas, e até mesmo a realidade de profissionais da Segurança Pública que perdeu as esperanças com o sistema”, disse Malungu se referindo ao papel dos militares com relação a caótica  Segurança Pública no Estado da Bahia, já que ele também é militar.
O mundo da realidade literária, em que a palavra vem revestida de fantasia, de alimentos para o sonho, de vitalidade lúdica, de componentes questionadores e críticos, de modos inéditos de apresentar a realidade, é também dotado de uma força comunicativa mais potente. E me fascina muito esse contexto que artistas como Leandro Malungu defende. “Eu queria muito ter uma nova oportunidade de aprender com os amigos da Casa Poema e a oportunidade chegou mais cedo do que eu esperava. Meu desejo de fazer uma boa apresentação era muito grande, pois na primeira oficina realizada Bahia eu havia trocado os versos da parte final de um poema, mesmo sabendo que a apresentação era apenas o resultado da oficina e não o objetivo em si eu me dediquei muito”, sinalizou.
Mas qual a verdade desse jogo literário? Essa tal ética do objeto me parece ferramenta primordial para qualquer crítico que se preze. Sobre a importância que a Elisa Lucinda e muitos outros pleiteiam ao jornalismo cultural debaixo de um aparente saudosismo aos ícones da crítica. E vejo movimentos, debates, saraus e oficinas literárias espalhadas pelo Brasil como sintoma de inquietude. E esses números são bem claros.
Malungu, aproveitando o espaço na revista on-line Fazer Política, desceu a lenha na administração caótica de Salvador, fazendo comparações inevitáveis com a realidade de Brasília: “Logo quando cheguei fiquei impressionado com a organização da cidade. Taxistas educados, canteiros centrais floridos, avenidas com seis faixas, arquitetura e respeito aos pedestres foram às primeiras coisas que reparei. Mas, na primeira sinaleira, lá estava um trabalhador informal vendendo água. Apesar disso, foi muito diferente de Salvador, onde encontramos uma equipe de vendedores de água correndo de carro em carro a ponto de serem atropelados”, escreveu. 
Realidades comuns nas grandes metrópoles do Brasil.
“Do terraço do hotel onde fiquei hospedado, observando a movimentação do trânsito, fiquei impressionado de como numa cidade pode ter um asfalto perfeito e pistas tão largas. Não vi nenhum motorista aloprado dirigindo como se estivesse numa pista de Fórmula I. Talvez eles estivessem tão acostumados com as avenidas que não precisassem fazer o que nós baianos fazemos na Avenida Paralela quando, por um milagre, ela não está engarrafada”, ironizou.
Com relação ao clima seco de Brasília, salientou: “Passei três dias infernais em relação ao clima. Tive febre, dor de cabeça, sangramento no nariz e os lábios ressecaram. Disseram-me que precisava beber muita água, assim o fiz, mas não adiantou muito, nem mesmo os analgésicos estavam ajudando, pois não parava de pensar no ar de Salvador e nas praias e cheguei à conclusão de que não trocaria meu ar pela estrutura de Brasília”, escreveu tentando amenizar com o bloco dos chatinhos da terra do cocô com acarajé.  
Mas quando se abre a possibilidade de o leitor se familiarizar com as surpresas, com as visões plurais reservadas pela linguagem literária, as experiências de mundo de certos autores, a sua consciência se expande no convívio com o novo e responde de maneira criativa e própria. Malungu pode até não ter gostando muito do clima seco de Brasília, mas aproveitou bastante nas suas interpelações.
“Na manhã do segundo dia em Brasília, procurei uma farmácia sem ser no setor de farmácias, pois tudo lá tem setores, algumas pessoas gostam disso, mas, eu que sou pobre, gosto mesmo é de ter uma biboca perto de casa vendendo de tudo, gosto de comprar geladinho de amendoim na vizinha e espelho no cara que passa com um carrinho de mão cheio de utensílios do lar”, enfatizou, querendo parece dramático com o seu resfriado. “E foi nesta manhã que encontrei dois moradores de rua dormindo. E, no dia seguinte, quando fui a Catedral encontrei um mendigo sentado no chão pedindo esmolas, ou seja, apesar de poucos, os excluídos também estão por lá”, complementou. 
A catedral Metropolitana de Nossa Senhora Aparecida,
mais conhecida como catedral de Brasília.
E isso me fez lembrar do presidente Juscelino Kubitschek que, numa das viagens ao Planalto Central, ao explicar a um grupo de jornalistas estrangeiros que iria construir naquele descampado a nova capital do País, deparou-se com a reação espantada de uma francesa.“Mas o senhor vai erguer a capital num deserto? Isso é um absurdo”. E Juscelino rebateu:“Não, minha filha, absurdo é o deserto”. E em agosto de 1961, com a cidade já de pé, até o astronauta soviético Yuri Gagarin, ao conhecer Brasília, não escondeu sua perplexidade: “A impressão que tenho é a de estar chegando a um planeta diferente”.
Reações como essas são bem comuns até hoje diante da ousadia de JK. Brasília nasceu debaixo de polêmica. E na opinião do ex-governador do extinto Estado da Guanabara Carlos Lacerda, a construção da cidade foi o que deu origem à inflação que corroeu a economia nas décadas que se seguiram. Com os seus 2,6 milhões de habitantes, a cidade ostenta o melhor índice de desenvolvimento humano, mas como tão bem pontuou o nosso amigo escritor Malungu, com contrates aos olhos vistos: “Talvez porque lá é onde mora a presidente. Quem não sabe que quando a presidente vai visitar uma cidade, todos escondem seus mendigos e moradores de rua?”
Artistas de rua em frente ao edifício Dr. Crispin,
no setor Hospitalar de Brasília.
O sonho de Juscelino ficou consolidado e o cinquentenário da capital do País foi festejado com debates de partidos e sorteios de brindes para os miseráveis. “Pedro Álvares Cabral descobriu o Brasil para os portugueses e JK descobriu o Brasil para os brasileiros”, disseMaria Elisa Costa, filha do urbanista Lúcio Costa que desenhou a capital juntamente com o arquiteto Oscar Niemeyer (*pois é, o Oscar não projetou a cidade sozinho, como sempre a Globo tenta passa!) e o calculista e poeta Joaquim Cardozo. Mas prefiro as palavras do meu amigo escritor baiano Malungu: “Não sou ingênuo de acreditar que em Brasília não tenha diferenças sociais. Eu estava hospedado próximo ao Congresso Nacional e do Palácio do Planalto, então a “limpeza” que fazem nas cidades que serão visitadas pela presidente, deve ser feita lá todos os dias. Neste momento, por exemplo, estão tentando “limpar” as cidades sede da Copa”.
E se, por um lado, mais do que acredito, eu espero que a Literatura não venha a deixar de existir, por outro entendo que o mundo se abre enormemente com as publicações digitais independentes e com impressões subjetivas, queimando em febre, dor de cabeça, sangramento no nariz e lábios ressecados. Tadinho do meu amigo!
+ UMA RAPIDINHA COM MALUNGU:
Elenilson – Como surgiu o convite de Elisa Lucinda? 
L. Malungu – Surgiu através do GGIM (gabinete de Gestão Integrada Municipal) de Lauro de Freitas e da OIT (Organização Internacional do Trabalho), nas pessoas de Débora Privat, Arrute e Tais Dumet que levaram os nomes a Elisa Lucinda e equipe da Casa Poema (RJ) para avaliação e aprovação. E ela já me conhecia devido a primeira Oficina realizada em Lauro de Freitas-BA.
Elenilson – Como foi esse encontro? 
L. Malungu – Primeiro foi muito bacana rever todo o pessoal da Casa Poema e da OIT, pois são pessoas excelentes e preocupadas com a Segurança Públicaem nosso País. Eu posso dizer que são militantes da palavra, acreditam e lutam, assim como eu, para que haja uma transformação social neste País através da educação e da arte. E como amamos a poesia, porque não usá-la como ferramenta? Foram três dias de discussões sobre segurança pública e sobre como ampliar o projeto “Palavra de Polícia Outras Armas”, discutimos os resultados das oficinas realizadas na Bahia, Espírito Santo e em Minas Gerais, pois haviam representantes desses três Estados. Além das discussões, mais uma vez, passeamos pelos diversos livros e textos buscando aquele que tocasse a nossa alma para uma apresentação aberta ao público no último dia da Oficina.
Elenilson – O quê de importante você tirou dessa iniciativa?
L. Malungu – O poder de transformação através da poesia é muito maior do que eu imaginava. Ouvi depoimentos tremendos de homens e mulheres acostumados a lhe dar com a criminalidade e com a frieza da profissão, chorando devido aos versos de grandes poetas. A maioria estava na segunda Oficina com Elisa Lucinda e todos permitiram que a poesia passasse a fazer parte de suas vidas não somente para apresentação da primeira oficina e sim de forma permanente, devido ao impacto do trabalho realizado.
Elenilson – Em se tratando de literatura mais elaborada, imaginar um mundo sem editores é uma coisa boa? 
L. Malungu – Em toda profissão há os bons e os maus elementos. Sei que existem editores mercenários, mas também existem aqueles que estão realmente preocupados com a qualidade do trabalho e na prestação de um bom serviço ao escritor. Tem editor que vibra junto com o escritor quando a obra está pronta, posso citar a Miriam Sales, da Pimenta Malagueta Editora.
Elenilson – O trabalho do editor sério, como profissional especializado na ligação entre autor e leitor, melhora a qualidade dos livros ou eles são apenas um mercenários exploradores de autores? 
L. Malungu – Quando um editor ama o que faz e faz por amor, ele realiza um ótimo trabalho e lógico é recompensado por isso, afinal de contas existe um contrato e este contrato deve ser bom para ambas às partes.
Elenilson – Sua poesia e sua postura mudaram depois de Brasília?
L. Malungu – A minha forma de ler poesia mudou desde a primeira oficina com Elisa Lucinda e os profissionais da Casa Poema, a minha forma de declamar também mudou, em Brasília tive a oportunidade de aprender mais e aprimorar a declamação dos textos. Sempre escolhi para declamar textos que tivessem rima, quando cheguei na oficina escolhi justamente textos sem rima para aprender como declamá-los, pois tenho vários poemas sem rima e nunca apresentei-os ao público, agora poderei fazer isso.Existem coisas que precisam ser discutidas sempre, principalmente entre os profissionais da Segurança Pública. E a falta de humanidade entre as pessoas é o que chega até nós, a todo o momento. Pai que maltrata os filhos, filhos que abandonam os pais idosos, estupradores, assassinos e toda a parte podre da sociedade. Isso tudo tira um pouco da nossa sensibilidade, nos deixa frios e a poesia nos ajuda ativar nosso lado sensível.
Elenilson – Conta agora para os nossos leitores sobre aquela história que você queria invadir o STF?
L. Malungu – Não é bem invadir, mas neste momento o STF é o orgulho do País e eu queria entrar tirar fotos, apertar a mão do relator do caso do mensalão, o Joaquim Barbosa, mas infelizmente o STF estava todo cercado com umas barras de ferro, então tentei entrar para tirar pelo menos uma foto ao lado da placa, coisa de turista (risos), mas também fui impedido pelos seguranças.
Elenilson – Como é a Elisa Lucinda assim-assim cara, corpo e alma? 
L. – Elisa Lucinda é demais, ela consegue ver em você o que você ainda não viu, ela está atenta a tudo e a todos, é muito inteligente e humana, sabe quando me dizem que nem parece que sou militar, por terem uma ideia sobre o militar? Pois é, ela nem parece que é artista (gargalhada). Outro dia vi uma postagem dela respondendo a alguém que falou que ela não queria tirar fotos e ela explicou na maior elegância o problema que ocorreu, a pessoa puxou ela pelo braço de um lado para o outro, isso não se faz, nem com artista nem com ninguém.
Elenilson – Você ficou deslumbrado com essa experiência?
L. Malungu – Depois dessa experiência, não terá como ir ao Rio de Janeiro e não visitar a Casa Poema.
“Logo quando cheguei fiquei impressionado com a organização de Brasília. Taxistas educados, canteiros centrais floridos, avenidas com seis faixas, arquitetura e respeito aos pedestres...”
“Eu fiz várias perguntas a esse cara e ele não respondeu, aí eu disse que ia atravessar 
o portão do Palácio e ele mexeu o dedo para dizer: NÃO!” 
 Imagens exclusivas da oficina com Elisa Lucinda.
fotos: LM/reprodução
Contato: www.malungupoeta.blogspot.com.br