25 de maio de 2015

Grupo Ágape lança livro de poemas no Fala Escritor após passar pela Suíça




Com o lema Resgatando pelos versos, jovens da periferia inovam no fazer poético, com textos engajados, incisivos, que arrancam aplausos por onde passam


Por: Valdeck Almeida de Jesus

O Projeto Fala Escritor acontece neste sábado (13/06), das 18 às 21hs, na Livraria Saraiva do Shopping da Bahia, onde será lançado o livro do Grupo Ágape e acontece a apresentação musical de Daniel Claude (clarineta) e Jozi (violão).

A primeira antologia poética dos jovens do Grupo Ágape foi lançada na Suíça, durante o 29º Salão do Livro e da Imprensa de Genebra, entre os dias 30 de abril e 03 de maio de 2015. Na trilha do sucesso alcançado, o coletivo participa do Projeto Fala Escritor, dia 13 de junho, a partir das 18hs, no Espaço Glauber Rocha, dentro da Livraria Saraiva do Shopping da Bahia. Os poetas Maiara Silva, Mateus Silva, Joyce Melo, Sandro Sussuarana, Lane Silva, Evanilson Alves, Gleise Souza, Laiara Mainá, Larissa Oliveira, William Silva e Carol Xavier, vão declamar, falar sobre o trabalho poético e lançar o livro, cuja capa foi desenhada por Zezé Olukemi. A coletânea de 50 páginas sai pela Editora Galinha Pulando e já deu o que falar por onde passou.


As poesias do coletivo poético falam, sim, e falam muito. Os textos são recitados no Sarau da Onça, no mesmo local do lançamento da antologia, nas ruas, becos, vielas, salas de aula, praças, avenidas; falam alto e em bom tom, incomodando ao sistema e a quem compactua com preconceitos, racismo, violência, falta de investimento em cultura, educação, segurança pública etc. Os poemas dos meninos e meninas da favela – como preferem ser identificados – gritam e choram o extermínio de negros e negras, clama por justiça social e criminal, fazem arrepiar e arrancam lágrimas de quem ouve os seus lamentos. Mas também fazem muito bem à autoestima de quem luta por respeito, igualdade, aceitação, autoafirmação e amor próprio.


Aliás, amor próprio é a arma que essa garotada injeta em si e em todos que se aproximam. Com entonação que soa incisiva, bocas e corações da turma se misturam, palavras não são apenas palavras, são tonalidades de pele, são as marcas do sofrimento próprio ou de algum amigo ou amiga que eles testemunharam ser agredidos, injustiçados, desrespeitados. E as palavras chamam à luta pacífica por igualdade de direitos. Na boca do Grupo Ágape, a poesia cria asas, como no fragmento que dá título ao primeiro volume de poemas: “A nossa poesia não foi feita para burguês gostar, / porque é um grito de insatisfação, / a intenção é incomodar! (...)/ Somos crias de Sussuarana, / onde criança vira onça cedo, / e aprendemos que o papel e a caneta são armas contra a opressão e o medo”.


A opressão, que poderia criar uma comunidade de covardes, ao contrário, estimula o Grupo Ágape a lutar por si, por todos, pelo bairro e pela cidade inteira. E os gritos deles ecoam, como urros de onça suçuarana, levando o brado a terras distantes, contaminando mentes e corações. Já chegaram à Bienal do Livro de São Paulo e da Bahia, a Institutos Federais de Educação, a Universidades, Festas Literárias etc e prometem chegar muito mais além; ali, do ladinho, na casa do vizinho, no coração de quem se senta, lado a lado, para ouvir e aplaudir os recitais do Sarau da Onça, do Fala Escritor e de todos os coletivos de poesia da cidade do São Salvador da Bahia de Todos os Santos! Como diz Sandro Sussuarana no livro “O Diferencial da Favela: Poesias Quebradas de Quebrada”, “Mais uma vez eu lhe digo meu amigo: - quer ser perigoso? Vá ler um livro” (A Perifa).


Grupo Ágape - O coletivo surge em julho de 2011 da iniciativa de um grupo de amigos que frequentavam a Igreja de Santo Antônio, da Paróquia de São Daniel Comboni, no bairro de Sussuarana. Foi pensado para ser um grupo de arte dentro da igreja, para agregar jovens por meio da música, dança, poesia e teatro. Devido à dificuldade de conseguir levar adiante o projeto nas quatro vertentes citadas, a opção foi juntar as forças apenas na poesia.



SERVIÇO

O que: Lançamento do livro “A poesia cria asas”

Quando: 13 de junho de 2014, a partir das 18h

Onde: Livraria Saraiva, Shopping da Bahia, Salvador-BA
Quanto: R$ 30,00 (trinta reais)
Entrada: Grátis

Contato: Sandro Sussuarana (71) 9331-5781, Valdeck Almeida (71) 9345-5255

17 de maio de 2015

Fala Escritor Multi Cultural - maio 2015

Com apresentação de Jorge Baptista Carrano e Luiz Menezes de Miranda, aconteceu, neste sábado (16/05), na Livraria Saraiva do Shopping da Cidade, mais uma edição do Coletivo Fala Escritor. Neste encontro, foi lançado o livro "Poesias ao vento. Vinte poemas de amor e uma crônica desesperada", de Valdeck Almeida de Jesus, em edição bilíngue. Recentemente esta obra participou do 29º Salão do Livro e da Imprensa de Genebra, na Suíça, em tarde de autógrafos concorrida. Antes de lançar, propriamente, seu livro, o jornalista Valdeck fez um pequeno discurso sobre a união necessária entre vários coletivos e poetas individualmente, para poder pavimentar a estrada para a poesia e a arte. “Somos apenas uma andorinha só, e, sozinhos, não fazemos verões. É necessário que cada artista, seja da palavra, da música, da pintura ou arquitetura, se deem as mãos, a fim de construir um bem maior, que é a arte”.
O grupo convidado do Fala Escritor foi o Tática Prática de Poesia, formado por Jocevaldo Santiago, Adalmir Xabath Chabi e Leandro Silva da Mota, que imprimem uma alma nova aos textos poéticos deles que já circulam pela cidade há muito tempo. Os aplausos e os elogios vieram de todos os cantos, merecidos, por sinal.
A atração musical ficou por conta de Val da Mata, poeta, cantador, músico e mais um pouco. Com letras autorais e de parceiros como Giovane Sobrevivente, Val encerrou a edição com um repertório que fez todo mundo suspirar e ficar com vontade de quero mais. Entre uma atração e outra, não faltaram os poetas da casa e convidados, recitando, lendo, declamando ou simplesmente dando um recado. Aqui, uma pequena palhinha do que ele apresentou no Fala Escritor: Clique e veja o vídeo.
E assim se foi mais uma noite mágica, em que a poesia reinou solta. Luiz Menezes, curador do recital poético, assim definiu o que aconteceu no evento: "O Coletivo Projeto Fala Escritor nos proporciona a cada dia, a cada evento, um conhecimento e uma cumplicidade maior. A prova mais que concreta são as fotos que ganham voz e falam por nós. Considero um recital de poesias um evento de letramento e até mesmo uma prática pedagógica. Para mim, todo dia é dia de poesia. Tenho a certeza que foi a poesia que nos trouxe para a vida. Eu, particularmente, nunca abandonei minha poesia e sei também que ele nunca vai me abandonar. Acho que a poesia é o caminho mais curto que o homem tem para se conhecer. Existem tantas cumplicidades entre o fascínio poético e as raízes da fala, mas o ver, o ouvir, o pegar, o provar também fazem as diferenças. Prova maior, podemos ver e sentir é no Coletivo Sarau da Onça, aonde o abraçar e o tocar fazem a diferença, é uma linguagem única e acolhedora".

Texto, Fotos e Vídeo: Valdeck Almeida de Jesus